quarta-feira, 23 de maio de 2012

CRENÇA


MÃOS QUE CURAM, PALAVRAS QUE SARAM
Benzedeiras e Benzedores: a cura pela fé


Reprodução

Terço e folhas nas mãos, oração na ponta da língua e muita fé em Deus. As benzedeiras e benzedores que surgiram no Brasil com a chegada dos Jesuítas, no século XVI, são figuras presentes na cultura popular até os dias de hoje.
A benzeção, como várias outras práticas religiosas e médicas populares,  aflorou-se com intensidade no período Colonial Brasileiro e os fatores que propiciaram o desenvolvimento da prática da benzeção, com certeza, remetem à  precariedade da vida material, destacada pela raridade de médicos, de cirurgiões, de produtos farmacêuticos, e ao sincretismo dos povos em geral, que também contribuíram, e muito, para que a prática da benzeção se propagasse ainda mais.


Hérica Viotti
Senhor Zequinha da Serraria
Arquivo de Família
Amigas - Conceição, juntamente com a Sá Ducarmo
Nos primeiros tempos de colonização, homens e mulheres acreditavam que a doença era uma advertência divina. A enfermidade era vista por muitos pregadores e padres, e também por médicos da época, como uma medida salutar para os desagregamentos do espírito. Carmo da Mata também não podia deixar de ter seus benzedores e suas benzedeiras. As tradições dos benzedores e das benzedeiras fazem parte do cotidiano da vida dos carmenses, desde a formação urbana e social da cidade.
Arquivo de Família
Pedro Piassi
A Gazeta de Minas, em 1915, na edição 1.450, noticiava um fato pitoresco de uma possível benzedeira da época. “Há dias, fui procurado pelo italiano Carlos Manharelle, que me narrou o seguinte: ‘Tenho visto, por diversas vezes, no campo santo deste lugar, um vulto que fala, reza, chora, etc’”, dizia o correspondente da Gazeta de Minas, em Carmo da Mata. Segundo ele, a fim de comprovar se era verídico o caso que lhe foi contado pelo italiano, foi até o cemitério local. “A noite reinava, em tudo, um silêncio profundo, que só era interrompido, de quando em quando, pelo piar da coruja e pelo sibilar do vento. Foi justamente nessa hora lúgubre que vi penetrar no cemitério um vulto de mulher, que começou a andar de um túmulo para o outro, fazendo gestos, rezando e pronunciando palavras imperceptíveis. Felizmente, tratava-se de uma alma deste mundo”, afirmou, em seu texto, o correspondente da Gazeta de Minas, no Arraial de Carmo da Mata.
Na década de trinta, segundo o saudosista Arnaldo Sábato, existiam as seguintes benzedeiras e os benzedores: Dona Adelina, Mariano da Forquilha, Tia Bem (sogra do Adgenor Sacristão), Bem do Zé do Eduardo, entre outras personalidades. Benzedores renomados, como José Lagoa, Pedro Piassi e José Guarda-Chaves também fizeram história em Carmo da Mata.
Para muitos, eram eles que decidiam qual o melhor remédio contra cobreiro, bicheira, espinhela caída, vento virado, carne quebrada e mal olhado. Talvez a sociedade de hoje possa até não acreditar, mas, com certeza, sabe que as rezas e benzeduras ocuparam lugar de destaque dentro de nossa comunidade, por serem tão praticadas, a fim de se curar esses males que afligem o corpo e a alma.

Voltando aos nossos benzedores, podemos, também, destacar João Parente, Aparecida Lameu, Sô Gerson da Várzea, Dona Aparecida do Paroba, José Cândido (pai do Louro), Dona Binha (mãe do Louro), Sá DuCarmo (mãe do Jaú), Luzia Pimenta e Manezinho (pai do Tim).  Dona Divina, já citada na edição nº XX da Memória Carmense (suplemento cultural, em revista, desse periódico), em um artigo sobre as parteiras, também foi uma exímia benzedeira, que marcou seu tempo em Carmo da Mata.
Hérica Viotti
Maria Aparecida Lameu
Pedro Piassi, falecido há anos, era famoso, tanto em Carmo da Mata quanto em outras cidades da região Centro-Oeste de Minas. Pessoas vinham das cidades de Divinópolis, Oliveira, Cláudio e Itapecerica para serem benzidas por ele. Seu filho, Sebastião Piassi, o conhecido Fiinho, contou-nos algumas passagens de seu pai. “No dia de sua morte, veio um senhor, morador de Divinópolis, que me disse ser eternamente grato ao meu pai, pois ele o ajudou a se reerguer e a estabelecer seu comércio”, relatou Fiinho. “Uma outra passagem que recordo, de meu pai, foi do dia em que ele chegou em casa com o dedo inchado, pois havia sido mordido por uma cobra e, com sua serenidade habitual, pediu a um amigo que lhe emprestasse o chapéu que esse estava usando. Ele pegou o mesmo e, tirando um pouco de suor do chapéu, passou em seu dedo e rezou. O dedo melhorou e ele nada teve”, disse Fiinho.
Atualmente ainda se encontram benzedores e benzedeiras, uma delas é Maria Aparecida Lameu da Paixão, que há mais de vinte anos benze fervorosamente as pessoas que a procuram.
Aparecida aprendeu a benzer com sua mãe, a inesquecível Sá Ducarmo, que dizia sempre para a filha. “Não é a gente que cura, e sim Deus. Nós somos apenas um instrumento dele.”, ressaltava Sá Ducarmo.
Usando as seguintes palavras “Deus te fez o nome da pessoa, Deus te gerou, Deus vai tirar o mau que em seu corpo entrou”, assim Aparecida benzeu e curou a primeira pessoa em Carmo da Mata, a dona Nega do Chico Carroceiro. Desse dia em diante ela não parou mais, fazendo o bem a todos que a procuram.
Reprodução
É também conhecido, por suas rezas e devoção, o senhor José Maria dos Santos, o popular Zequinha da Serraria, de 69 anos. Benzedor há 57 anos, ele contou, em entrevista concedida à Tribuna do Carmo, como começou a ministrar suas primeiras benzeções.
Senhor Zequinha teve como mestre Antônio Mariano, que era médico e benzedor na cidade de Ouro Fino.  Senhor Zequinha sempre ia a Ouro Fino com a finalidade de buscar receitas médicas para os moradores da Comunidade do Batatal, localidade em que residia. E, nessas idas e vindas em busca de receituário, surgiu uma amizade entre os dois.  Um dia Antônio Mariano pediu aos pais de Zequinha que eles o deixassem passar uma temporada em Ouro Fino,  para que ele pudesse ajudar no engenho e no alambique recém adquirido por ele. Com a permissão de seus pais, o garoto de 12 anos foi ajudar o médico em seus negócios. Menino curioso, Zequinha começou a ler os livros de Antônio Mariano e a prestar atenção em suas rezas, até que um dia, o médico o chamou para ajudá-lo em suas benzeções.
Segundo senhor Zequinha, Antônio era tão afamado que as pessoas faziam filas em sua porta para poder receber sua bênção.
Após 6 anos residindo em Ouro Fino, senhor Zequinha voltou para Batatal e continuou a benzer naquela comunidade.
Depois de algum tempo, e já casado com Maria José Remígio dos Santos, ele veio morar aqui na cidade,  nunca deixando, no entanto, de atender a quem necessita de sua reza.
Hoje o senhor Zequinha atende pessoas de São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso, Belo Horizonte, Cláudio, Divinópolis, Oliveira, São Francisco de Paula, Santana do Jacaré, Campo Belo e de toda a nossa região que vem se tratar de doenças como vento virado, febre, lepra, dor de cabeça, mal olhado, quebrante, diarreia e muito mais. Usando água, ramos ou até mesmo um rosário, José Maria dos Santos, cura pela fé.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Gente, outra coisa bacana que descobrimos na net! É o blog Imagens do Povo...descobrimos uma sequência de fotos de benzedeiras!
(http://imagensdopovo.blogspot.com.br/2010/01/enrico-e-benzadeira-elza.html)


O autor

Lúcio Enrico se considera um desvio na turma que está se formando pela Escola de Fotógrafos Populares neste ano, no bom sentido. Enquanto a maioria procurava na EFP um lugar para aprender ou aprimorar suas técnicas fotográficas, Enrico chegava cheio de curiosidade para descobrir o que estava por trás do projeto. Seu interese maior era conviver com Ripper (fotógrafo idealizador do projeto Imagens do Povo e da EFP) e com as pessoas que mantém a Escola funcionando para, desta forma tentar entender como o olhar fotográfico é construído, que faz com que as lentes das câmeras apontem de maneira tão bela e solidária para as questões populares. Embora conhecesse o trabalho do Ripper há muito, só conseguiu retomar o antigo desejo ao conhecer Francisco Valdean (ex-aluno da escola e hoje colaborador do projeto), numa das palestras do projeto Marco Universal, realizada pelo SESC Tijuca, em 2008.Hoje com 30 anos e envolvido com movimentos de cultura popular desde a adolescência (já fez teatro e dança popular), Enrico encontrou na fotografia uma forma de registrar essas manifestações e de se aprofundar nas histórias que existem por trás das lentes.

O projeto

Pela Tua Palavra – Dona Elza, Médica de Deus.

"Como minha vida é voltada para o estudo e aprofundamento nos temas relacionados à cultura popular, sempre pensei em desenvolver meu projeto de conclusão de curso sobre alguma dessas manifestações. Porém, na época que comecei a pensar no tema que eu desenvolveria, haviam poucas festas acontecendo na cidade; ao perceber que isso poderia comprometer meus planos, optei por mudar o recorte sem mudar o tema. Decidi então documentar a atividade de rezadeiras e benzedeiras na Maré. Inicialmente, a ideia (megalomaníaca, eu sei) era mapear todas as rezadeiras e benzadeiras locais; mas pelo tempo disponível e pela dificuldade de se fazer essa pesquisa, fui aconselhado pelo Ripper a recortar objeto. Cheguei então, com a ajuda de alguns amigos da Escola, que me forneceram os contatos de algumas benzedeiras da Maré, a personagem principal do meu projeto: Dona Elza. Iniciei uma série de visitas à casa dela com o objetivo de registrar suas memórias e informações sobre seu ofício de maneira que estas facilitassem a apreensão dos símbolos e significados contidos no ato da benzedura, me tornando então quem sabe, talvez capaz de, como diria Bresson, alinhar os olhos, a cabeça e o coração, e produzir um registro capaz de contar uma bela história desses saberes e fazeres que vem de um tempo tão antigo e que se mantém ao mesmo tempo tão vivos em muitos lugares do país.O interessante é que durante o desenvolvimento deste projeto, também minhas lembranças foram tocadas. De repente toda a minha família se viu envolvida num processo de avivamento dessas memórias, já que eu, na minha infância, fui também bastante rezado.O mais gratificante pra mim foi perceber que através do meu encontro com Dona Elza, nós dois melhoramos como pessoas. Ela me disse que incorporou novas rezas, que foram por mim apresentadas, através dos livros resgatados pela minha mãe, e eu que me senti fechando um ciclo na Escola, percebendo que, além de ter conseguido "me virar" tecnicamente para produzir as imagens, pude também me aprofundar e (re)vivenciar as questões tão essencialmente humanas envolvidas no tema.Dona Elza, muito agradecido pela acolhida! À todos os amigos da Escola, valeu pela força!E especialmente ao Ripper, muito obrigado por ter possibilitado através da Escola nossa convivência. A Humanidade precisa cada vez mais de pessoas como você. Dedico a tí esse trabalho, ao Mestre, com carinho".
Veja a galeria de fotos do projeto do Enrico.
A Andreia no site E-FamilyNet fez uma enquete muito bacana!

Ela pergunta: se as pessoas Acreditam na existência do quebranto e acreditam na reza das simpáticas e bondosas senhoras benzedeiras?

Você acredita em quebranto
Esta enquete não tem tempo de validade.
Acredito e já levei meu filho(a) para benzedeira
49%
 49% [ 25 ]
Acredito mas nunca levei meu filho(a) para ser benzido.
17%
 17% [ 9 ]
Não acredito mas também não duvido. Sou imparcial e nunca presenciei nenhuma história a respeito.
21%
 21% [ 11 ]
Não acredito e não gosto do assunto.
11%
 11% [ 6 ]
Total de Votos : 51








http://www.e-familynet.com/phpbb/viewtopic.php?t=33026

quinta-feira, 10 de maio de 2012

ASSISTAM!!!

Maria Bethânia - Salve as folhas


http://www.youtube.com/watch?v=xenjkUG8FkQ


Sem folhas não podemos compreender a possibilidade da vida se manter e ter continuidade, seu sangue também é o nosso, sobre elas pisam nossos ancestrais e os Orixás sobre elas vem saudar e visitar seus filhos, sem elas não há festa, não há axé, não há vida ou força, sem elas não há nada. Esta música foi feita em saudação a um senhor de muitos nomes, sendo que pelo qual ele é o mais amado é o de "Senhor das folhas sagradas", Ossaim para algumas nações de Candomblé, Agué ou Katendê em outras, senhor dos mistérios das ervas, que conhece seus segredos e encantamentos. Ewê-ô ! Salve as folhas!Salve Ossaim, salve Katendê, salve Agué!

À benção as sra. as rezadeiras de Boa Vista/PB!!!



Rezadeiras são pessoas que afastam o mal, defendem de feitiços e curam doenças através do ato de invocar o Divino sobre algo ou alguém (…) Mais do que no copro, a figura do rezador está na alma (…) Somente eles podem interceder por Deus na “fitoterapia ritual” (por Breno César)

FONTE: http://cucinastrega.tumblr.com/post/3522575908/para-imitar-um-perfil-que-tem-aqui-no-tumblr-que

Rezadeiras mantém viva a fé popular no poder de cura



QUEDA DA MORTALIDADE INFANTIL

Rezadeiras ajudam a salvar vidas



FOLHAS

Folhas sagradas, Ewé Orò ou Folhas de Orô é como são Chamadas 
 folhas, plantas, raízes, sementes  e favas  utilizadas nos preceitos e cerimônias como água sagrada das Religiões Afro-brasileiras.
A folha tem uma importância vital para o povo do santo, sem ela é impossível realizar qualquer ritual, dai existe um termo corriqueiro do povo do santo que diz: ko si ewe, ko si Orixa ou seja, (sem folha não existe Orixá).
Todas as folhas possuem poder, mas algumas têm finalidades específicas e nem todas servem para o banho ritual, nem para os ritos. O seu uso deve ser estritamente recomendado pelo Babalorixá ou em comum acordo com o Babalosaim (sacerdote conhecedor da ação, reação e consequência do poder das folhas), pois só estes sabem a polaridade energética, "positiva ou negativa" de cada uma delas e a necessidade de cada indivíduo. Para sua utilização nos ritos, deve-se saber as Sasanha (cânticosespecífico para folha) e o Ofó (palavras sagradas) que despertam seu poder e força "axé". Ossaim é o grande Orixa das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas, pode trazer progresso e riqueza. É nas folhas que está à cura para vários tipos de doenças, para corpo e espírito. Portanto, precisamos lutar sempre por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Folhas_sagradas


Dona Helena
Guabirotuba

Benze  com  orações,  vários  tipos,  azeite,  água,  raízes  e  plantas  (arruda,  guiné), conforme a necessidade (peito aberto, doença de minguar, rendidura, dor de cabeça, “retirar sol” – quando é dor nas têmporas).

Fonte: Benza Deus! As Benzedeiras em Curitiba: Modernidade e Tradição

Dona Camila

Dona Camila
Sítio Cercado
  
Cura espinhela caída (“peito aberto de adulto”); doença de minguar ou mal de míngua, até  em  adultos.  Dona  Camila  nos  conta  que,  há  algum  tempo,  um enfermeiro do Hospital  de  Clínicas  recebeu  os  benefícios  de  seu  benzimento  e  ficou  curado  do “mal de míngua”. O enfermeiro, desde então, a indica como benzedeira competente a vários doentes do hospital. Ela soube deste reconhecimento por meio da fala dos que a procuram. Também prepara remédio para bronquite; benze bebês. Utiliza-se apenas de um terço e de orações; ervas às vezes (p.15)

(Fonte: Benza a Deus!As Benzedeiras em Curitiba: Modernidade e Tradição)